sábado, 13 de março de 2010

Cobertura da Rádio TransMundial do Brasil

Nas Ondas Curtas da Guarujá - O Papel do Rádio Analógico





Boa noite prezado ouvinte da Radio Guarujá Paulista. Meu nome é Sarmento Campos e falo da cidade do Rio de Janeiro, especial para o programa semanal dedicado as ondas curtas do radio.

Hoje vamos falar um pouco sobre as características técnicas deste importante meio de comunicação presente nas ondas curtas.

O fato da Radio Guarujá transmitir em ondas curtas, aumenta consideravelmente o alcance de suas emissões. Como sabemos, o termo radiodifusão indica a dispersão da informação produzida, que abrange cada casa, vila, cidade e até o país que esteja ao alcance do transmissor.

Diferentemente da televisão, em que o telespectador esta observando algo que sai de uma caixa que está ali, as paisagens e sons do radio são criados dentro de nós, podendo ter impacto e envolvimento maiores.

Enquanto a televisão de um modo geral é assistida por pequenos grupos de pessoas e a reação a um programa costuma ser afetada pela reação entre indivíduos, o rádio é muito mais pessoal, que vem direto para o ouvinte.

Atualmente, com a evolução tecnológica e a miniaturização do transistor, o rádio é um artigo pessoal do cotidiano.

Sendo tecnicamente simples de ser usado, o radio é bastante flexível e em geral funciona melhor numa situação imediata ao vivo. A reportagem de um correspondente internacional, um ouvinte falando ao telefone, o carro de reportagem nos subúrbios, a cobertura de uma partida de futebol, enfim, são todos exemplos do caráter imediato do radio.

Enquanto o jornal ou a revista são recebidos do mesmo modo como foram produzidos, no radio não temos essa garantia automática. As transmissões em ondas curtas obviamente estão sujeitas a fading, que é um fenômeno de desvanecimento do sinal, e em algumas ocasiões, este fading – como é o termo em inglês – pode ser bem acentuado e também, podemos enfrentar interferências no canal sintonizado.

Também nas ondas medias, em especial a noite, quando o Sol não está presente e as condições de propagação ionosférica favorece o transporte dos sinais a longa distancia, podem sofrer a intrusão de outras emissoras.

No radio ,é provável que a qualidade do som recebido seja bem diferente, em sua dinâmica ou amplitude de freqüência, do que é cuidadosamente produzido em estúdio.

Mesmo a faixa de FM, que é instável, esta sujeita a uma serie de distorções, desde a flutuação causada por um avião até a interferência da ignição dos carros e de outros equipamentos elétricos.

A transmissão digital e a radiodifusão direta via satélite superam a maioria destes problemas, mas apresentam um custo mais elevado para o ouvinte.

Quando existem condições precárias de recepção, os programas precisam prender a atenção do ouvinte para que se possa manter uma audiência fiel.

E a participação dos ouvintes entusiastas deste meio de comunicação é muito importante para auxiliar as emissoras a desenvolver seus sistemas irradiantes, que são as antenas e transmissores utilizados para emitir os sinais que chegam ao seu receptor.

Por isso, é muito importante que se envie uma carta ou até um email para as emissoras, reportando como chega o sinal em sua casa, com que receptor e antena voce está ouvindo, se existem interferências de outras emissoras, e como está o fenômeno do desvanecimento do sinal, que provoca a flutuação na intensidade do sinal.

Neste programa semanal Nas Ondas Curtas da Guarujá Paulista, procuramos informar ao ouvinte não só as características técnicas da recepção de emissoras, mas também, divulgar aspectos culturais e históricos do radio.

terça-feira, 9 de março de 2010

terça-feira, 2 de março de 2010

As origens da Rádio Difusão Internacional




Existem diversas fontes que descrevem de formas não conclusivas o início das transmissões internacionais. Algumas fontes sugerem que a Alemanha pode ter sido o primeiro país a usar transmissões de radio internacional nos idos de 1915, quando estabeleceu então um serviço regular de noticias que foi aceito e usado por múltiplos países neutros na região. Adicionalmente, pesquisadores também apontam o uso inicial de transmissões internacionais de rádio datas de 1917 em seu esforço para "explicar os fatos atrás da revolução" ao resto do mundo. Entretanto, em todas estas pesquisas, as emissões originais eram em Código Morse que eram compreendidos apenas por relativamente poucos.

Estes pesquisadores ressaltam que a visão de Vladimir Lenin que o rádio tinha o potencial para não apenas alcançar a audiência doméstica na Rússia, mas também para atingir vastas possibilidades internacionais e valor "revolucionário". Lenin alertou seu sucessor Joseph Stalin para ampliar a pesquisa sobre o rádio quando ele escreveu : "Eu penso que sob o ponto de vista da propaganda e agitação, especialmente para aqueles que são iletrados, que é absolutamente necessário para nós levar este plano adiante".

Os Russos foram os primeiros a estabelecer um sistema de rádio difusão internacional patrocinado pelo governo, de forma continua e extensiva, o qual se revelou de tal forma como um sistema de longo alcance onde foi desenvolvido como um meio de obter significativos ganhos políticos e econômicos.

Alguns historiadores apontam o ano de 1927 como o marco do nascimento da propaganda. A Grã Bretanha se uniu a Rússia e Alemanha, quando também descobriu o uso das ondas de rádio como "o perfeito meio de comunicação com suas colônias e possessões nos hemisférios ocidentais e orientais do mundo.

Nos anos que se seguiram, a Holanda também iniciou transmissões regulares em holandês para as Índias Orientais, enquanto a França iniciou emissões para suas colônias. Por volta de 1932, a BBC - British Broadcasting Corporation - e os serviços em holandês para as colônias se desenvolveram em organizações de rádio difusão internacional contemporâneos de grande porte.

Já nos Estados Unidos, foram as companhias comerciais que perseguiram o objetivo de ampliar o alcance das transmissões de rádio. A emissora KDKA de Pittsburgh, na Pensilvânia, foi a primeira estação de rádio a transmitir programas de entretenimento, a primeira a transmitir noticias ao público e a primeira a obter licença para tal.

As companhias americanas tais como a Westinghouse e General Eletric montaram estações de rádio primordialmente para promover seus produtos aos consumidores. Estas empresas foram logo seguidas por um grande número de estações de rádio difusão doméstica tais como a NBC - National Broadcasting Corporation - e CBS - Columbia Broadcast System - enquanto o o governo dos EUA se colocou à parte de qualquer envolvimento com a rádio difusão internacional.

O historiador Wood (1992) aponta uma dramática mudança na história da rádio difusão internacional que ocorreu em outubro de 1935. Edward R. Murrow, um jornalista e locutor de notícias da CBS, tentou cobrir um debate de dois segmentos entre a Grã Bretanha e Itália relativo a invasão da Etiópia por Benito Mussolini, uma região de investida de fortes interesses. Na primeira noite, a CBS transmitiu com sucesso a perspectiva Britânica através do Oceano Atlântico através dos transmissores em ondas curtas, durante as quais, propuseram sansões contra os italianos.

Entretanto, a noite seguinte justo quando a delegação italiana iria ao ar na América, Murrow foi informado que a comunicação de ondas curtas através de Londres, controlada então pelo British Post Office - Serviço de Correios Britânico - teve negada a permissão para a transmissão e desconectou o circuito. Isto levou a seguinte manchete, "51 nações votaram por sansões contra a Itália, os Italianos cortaram as transmissões dos Britânicos".

As transmissões de rádio difusão internacional se transformaram assim em armas de efeito considerável em influenciar as mentes dos ouvintes.

Quando Adolf Hitler se tornou Chanceler do Governo Nacional Socialista da Alemanha, ele abraçou o uso da rádio difusão como o instrumento chefe de propaganda política e reorganizou a estrutura de emissões até então domésticas para incluir emissões internacionais. Nos fins de 1935, a Alemanha havia transmitido programas regulares para a Ásia, África, América do Sul e América do Norte, em alemão, inglês, espanhol, português e holandês.

by Sarmento

As origens da rádio difusão na União Soviética


Rádio Moscou desde 1922, hoje Rádio Voz da Rússia


A seguinte mensagem foi transmitida em 30 de outubro de 1917 (12 de novembro no novo calendário ) através do serviço de telégrafo sem fio com a intenção de alcancar potenciais revolucionários na Europa, assim como os existentes na Rússia de então. Também, as mensagens revolucionárias soviéticas foram as primeira a serem gravadas na história da propaganda sem fio.

"O Congresso dos Sovietes Russos formou um novo Governo Soviético. O Governo de Kerensky foi banido e posto em prisão. O próprio Kerensky escapo. Todas as instituições oficiais estão nas mãos do Governo Soviético...".

Vladimir Lenin, o líder do Partido Comunista naquele período vislumbrou a transmissão de rádio como um método de controle das massas, um prático e mais efetivo meio de comunicação com as pessoas da Rússia, assim como de países estrangeiros. O significado do rádio foi ampliado pelo enorme tamanho da nova federação, pelas condições ruins das estradas, altos níveis de iletrados, e pela diversidade de nacionalidades no país. Por causa da extrema importância das comunicações de massa, as estações de rádio foram os primeiros alvos da revolução de 1917.

Em 1917 a voz no rádio ainda não estava disponível, logo as emissões de rádio tinham a limitação de não ter contato direto com o público. O esquema de comunicações naquele período funcionava como a seguir:

1 - a estação de rádio emitia sinais em código morse
2 - Então, uma estação de recepção recebia e registrava o sinal
3 - Finalmente, a estação de recepção distribuía a mensagem aos jornais, os quais a publicavam para leitura

Desde os primeiros dias da revolução, o governo soviético estava gastando grandes somas de dinheiro no desenvolvimento do rádio. Um número de laboratórios foram construídos para aprimorar as técnicas de transmissão e recepção, e em torno de 1920, um grupo de cientistas soviéticos conseguiram transferir voz humana através das ondas de rádio.

Em 1921, usando a nova tecnologia, uma potente estação de rádio foi montada para transmitir diariamente durante algumas poucas horas. O novo programa era chamado "O Jornal Falado da Agencia de Telégrafos Russa", e apresentava principalmente notícias e material de propaganda.

Devido ao fato dos receptores de rádio ainda serem muito caros e indisponíveis para uso particular, conjuntos de alto falantes foram instalados em lugares públicos de forma a tornar acessível o jornal falado a um número grande de pessoas. Lenin expressou sua visão a respeito destas transmissões de rádio com a seguinte declaração:

"Cada vila deveria ter um rádio! Todo escritório do governo, assim como cada clube ou fábrica deveria ter ciência de que em certa hora eles irão ouvir notícias políticas e os maiores eventos do dia. Desta forma nosso país irá liderar a vida da mais alta consciência política, constantemente sabendo das ações do governo e pontos de vista da população".

Conforme aumentou o uso do rádio, o governo fez o melhor para garantir a autoridade sobre o desenvolvimento do rádio no país. Em 1918 o controle dos recursos do rádio foi transferido para o Comissionario do Povo para Correios e Telégrafos. Como resultado de tal controle centralizado, a rádio difusão estava muito avançada na União Soviética no século dezenove. Como exemplo, em 1922 Moscou tinha a mais potente estação de rádio difusão do mundo a RV-1, e em 1925 a primeira estação de rádio de ondas curtas iniciou as operações na capital Rússia.

Receptores de OC: Sony ICF-SW7600GR



Sony ICF-SW7600GR

A reconhecida marca mundial Sony, produz receptores de ondas curtas digitais de ótima qualidade, que cobre desde uma escuta casual até a procura de estações mais distantes (DX). Este pequeno receptor, é uma das atuais melhores equações custo x benefício do mercado e da própria linha Sony. É portátil, apresenta sintonia digital direta através de seu teclado, ou procura automática de estações, sendo capaz de sintonizar em modo SSB. Este modo normalmente é utilizado por radio amadores mas pode ser utilizado para auxiliar algumas escutas mais difíceis. Além de extremamente prático para viagens, vem com uma antena de "carretel" com 5 metros de fio a ser esticado em qualquer ambiente onde a antena telescópica não é suficiente para captar o sinal desejado. A cobertura se inicia nas Ondas Longas, passando pelas Ondas Médias até 30MHz - final da faixa de Ondas Curtas - porém, de forma contínua. Ainda sintoniza a faixa comercial de FM. O destaque para este receptor é a utilização da detecção síncrona na demodulação do sinal AM. Na prática, significa melhoria de recepção de estações fracas e atenuação de interferência de emissoras adjacentes. Este recurso, normalmente é encontrado em receptores mais sofisticados. Dentro destas características, este receptor é a melhor aquisição atualmente na faixa de US$ 200. Também, interessante notar, é que este modelo é fabricado inteiramente no Japão.

by Sarmento

O Serviço Mundial da BBC de Londres


Cartão QSL emitido pelo escritório da BBC de Nova Deli em 1965 (Fonte: Balasubramaniyam, Chennai)

O BBC World Service foi fundado em 1932 como o Serviço do Império por uma iniciativa de John Reith, o primeiro diretor geral da BBC. No principio era emitido em ondas curtas a partir de Daventry localizado nas Midlands, e apenas em inglês. A aproximação da Segunda Guerra em 1939 trouxe muitas mudanças. Para contrabalancear a propaganda levada ao ar através do rádio pela Alemanha e Itália, o governo britânico solicitou a BBC a oferta de serviços em árabe e espanhol, e concordou em pagar os custos adicionais requeridos.

Desde o inicio, a aproximação às noticias nos serviços além mar eram para anunciar os fatos, mesmo que a primeira vista se parecessem prejudiciais aos interesses britânicos ou não palatáveis as nações recipientes. Conforme a rádio difusão em idiomas estrangeiros foi crescendo (Frances, alemão e italiano se iniciaram em setembro de 1938; outros idiomas seguiram em breve), esta política foi central em estabelecer a reputação da BBC de ter a maior credibilidade como emissora internacional. Transmissões em vernacular a outras partes do mundo foram adicionadas, e próximo ao fim da guerra a BBC era de longe a maior das emissoras de rádio difusão do mundo. O governo então reviu o futuro papel e propósito do World Service (ou o BBC External Service como era então chamado) e dentro de um papel político em 1946 o governo concluiu que "dentro do interesse nacional e de forma a manter a influencia britânica e prestigio ao seu redor, é essencial que o serviço continue".


Cartão QSL emitido pelo escritório da BBC de Nova Deli em 1965 (Fonte: Balasubramaniyam, Chennai) Clique para ampliar.

Entretanto, este apoio não foi lastreado com fundos suficientes, resultando em cortes orçamentários extensivos nos fins de 1940 e em 1950. Mesmo existindo acréscimo em emissões para a União Soviética e o Leste Europeu durante a Guerra Fria, as reduções à sua volta significaram que pelos idos de 1960 a BBC havia perdido a sua posição de maior emissora de rádio difusão internacional, sobreposta assim pela União Soviética, China, Estados Unidos e Egito.

Este período presenciou o inicio da revolução do transistor e o alastramento de receptores de radio capazes de sintonizar emissões em ondas curtas. Também foi o início do processo de descolonização e de emergência de novas nações, terminando diversos acordos antigos para re-transmissão de programas da BBC, mas sempre produzindo condições para novas oportunidades. O World Service se adequou as mudanças com novas iniciativas de programas, tais como a criação de serviços em Inglês próximo a hora cheia com grande ênfase em noticias, e com maior foco nas necessidades das pessoas nos países em desenvolvimento, particularmente África e Ásia. O governo proveu os meios para substituir transmissores antigos e construiu novas estações retransmissoras ao redor do mundo. Enquanto o período compreendido entre 1970 e 1980 se provou financeiramente instável, subseqüentemente diminuiu o capital de investimento e algum dinheiro adicional foi provido por aprimoramento das programações.

O final da Guerra Fria produziu uma série de tributos a BBC e outras emissoras internacionais por seu papel durante a guerra. Não apenas novos lideres - tais como Lech Walesa da Polônia e Vaclav Havel da Tchecoslováquia - expressaram agradecimentos, mas também, milhares de ouvintes ao longo do mundo.

O colapso da potência soviética também trouxe rearranjo das emissoras internacionais e aos governos que as financiam. Para o BBC World Service isto não foi tão fundamental quanto a outros. Pois este nunca foi visto como forma de propagando ou uma estação de persuasão e sempre direcionou seus programas a países amigos assim como a potenciais adversários. Seu objetivo primordial foi em prover informação acurada e embasada, refletindo diferentes pontos de vista, e permitir os ouvintes formarem suas próprias opiniões.

Receptores de OC: Sangean ATS-909




Este receptor sempre foi considerado um modelo de alta qualidade e até um concorrente aos modelos mais sofisticados da Sony, como o 7600 e o 2010. È fabricado em Taiwan e apresenta grande quantidade de recursos, inclusive recepção em modo SSB para não só permitir a sintonia de emissoras utilitárias e radioamadores, como também, permitir a sintonia de emissoras que normalmente não seriam identificadas no modo AM tradicional. É um modelo portátil, de alta qualidade de recepção e ótima sonoridade, que pode ser levado para qualquer lugar, e junto com a antena de fio acondicionada em um prático carretel, pode proporcionar excelentes captações aos radioescutas mais exigentes.

by Sarmento

A Segunda Guerra Mundial : O governo dos Estados Unidos entra na Rádio Difusão Internacional


Propaganda da Voz da América em Alemão


Alguns pesquisadores declaram que muito da atual rádio difusão internacional deriva do que se formou durante a Segunda Guerra.

Preocupado com o sucesso da propaganda Alemã, o governo dos EUA sob a administração de Roosevelt começou a olhar a rádio difusão internacional em 1940. Quando os japoneses bombardearam Pearl Harbor em 7 de dezembro de 1941, os EUA entraram na Segunda Guerra claramente marcando o deslocamento do uso comercial do meio de comunicação da rádio, até então apenas como forma de fazer dinheiro, para a decisão do Departamento de Estado de iniciar fortemente transmissões de voz internacionais através das ondas de rádio.

Mesmo tendo sido atrasado por diversas razões políticas e forte oposição da industria do rádio comercial e do público em geral, os EUA foram a última potência mundial a participar na rádio difusão internacional. Em 1942, o Escritório da Informação de Guerra foi estabelecido e responsabilizado por diversas atribuições na montagem da divisão de rádio difusão.

Segundo historiadores americanos, ao contrário da técnica de propaganda Alemãs de falsidade e terror, as emissões internacionais foram fundadas em informações confiáveis e sobre um "plano moral mais elevado que a guerra psicológica no rádio que estava em curso na Europa". A política foi estabelecida desde as primeiras palavras irradiadas inicialmente : Este é uma voz falando para você desde a América e nós iremos falar para você sobre a América e a guerra e as noticias podem ser boas ou ruins e nós iremos contar a você a verdade". (VOA - Voice of America - Information Book).

Enquanto em teoria esta nova política de "verdade somente" era novidade até então, na realidade era difícil aderir a isto durante os ataques iniciais da guerra; entretanto as emissões dos EUA ganharam credibilidade quando a "Voz da América" - o nome oficial da emissora que foi desenvolvido a partir da abertura das transmissões - começou a reportar as vitórias dos aliados.

Durante o curso da guerra, a VOA teve que se adaptar aos desafios psicológicos apresentados pela emissões dos inimigos. Em particular, as emissões japonesas especificamente dirigidas aos soldados americanos através das transmissões de "conflito no rádio, atuando primariamente para dividir a América de seus aliados na Ásia e Pacífico, para estimular o desgaste quanto a guerra, a nostalgia, e uma visão pessimista da guerra".

Os japoneses inteligentemente transmitiram "alta qualidade, entretenimento gravado por bandas americanas famosas, introduziram vozes femininas carregadas de sensualismo" como seu objetivo primário de de fazer como que o soldado americano mediano "se sentisse cansado da guerra e da matança". Como resultado, "milhares de combatentes se apaixonaram por uma voz (uma inclusive popularmente identificada como Rosa de Tókio) da qual criaram em suas mentes - uma imagem de suas amadas. O seguinte extrato é de uma destas transmissões : Como você gostaria de ira a drogaria da esquina esta noite, e comprar um sorvete de soda? Eu tenho curiosidade em saber com quem suas esposas e namoradas estão saindo esta noite. Talvez com um trabalhador da industria de guerra fazendo muito dinheiro enquanto você está aí fora lutando e sabendo que não terá sucesso".

Como resposta, o Escritório de Informação de Guerra americano "solicitou auxílio aos relações públicas da indústria e Hollywood", alistando celebridades e iniciou a transmitir entretenimento de primeira linha para as Ilhas do Pacífico assim como para outros teatros de guerra no Oriente Médio e Europa.

Durante a guerra, a VOA cresceu exponencialmente, empregando mais de 3000 pessoas e transmitindo mais de 165 horas por dia em mais de 40 idiomas - "sem dúvida alguma, a rádio difusão internacional se estabeleceu como u braço das operações de guerra americanas". A chegada da VOA marcou o inicio da era na qual o governo dos EUA iria empregar a rádio difusão internacional de forma continua, até os presentes dias.

O Serviço Mundial da BBC de Londres

O BBC World Service foi fundado em 1932 como o Serviço do Império por uma iniciativa de John Reith, o primeiro diretor geral da BBC. No principio era emitido em ondas curtas a partir de Daventry localizado nas Midlands, e apenas em inglês. A aproximação da Segunda Guerra em 1939 trouxe muitas mudanças. Para contrabalancear a propaganda levada ao ar através do rádio pela Alemanha e Itália, o governo britânico solicitou a BBC a oferta de serviços em árabe e espanhol, e concordou em pagar os custos adicionais requeridos.

Desde o inicio, a aproximação às noticias nos serviços além mar eram para anunciar os fatos, mesmo que a primeira vista se parecessem prejudiciais aos interesses britânicos ou não palatáveis as nações recipientes. Conforme a rádio difusão em idiomas estrangeiros foi crescendo (Frances, alemão e italiano se iniciaram em setembro de 1938; outros idiomas seguiram em breve), esta política foi central em estabelecer a reputação da BBC de ter a maior credibilidade como emissora internacional. Transmissões em vernacular a outras partes do mundo foram adicionadas, e próximo ao fim da guerra a BBC era de longe a maior das emissoras de rádio difusão do mundo. O governo então reviu o futuro papel e propósito do World Service (ou o BBC External Service como era então chamado) e dentro de um papel político em 1946 o governo concluiu que "dentro do interesse nacional e de forma a manter a influencia britânica e prestigio ao seu redor, é essencial que o serviço continue".


Cartão QSL emitido pelo escritório da BBC de Nova Deli em 1965 (Fonte: Balasubramaniyam, Chennai) Clique para ampliar.

Entretanto, este apoio não foi lastreado com fundos suficientes, resultando em cortes orçamentários extensivos nos fins de 1940 e em 1950. Mesmo existindo acréscimo em emissões para a União Soviética e o Leste Europeu durante a Guerra Fria, as reduções à sua volta significaram que pelos idos de 1960 a BBC havia perdido a sua posição de maior emissora de rádio difusão internacional, sobreposta assim pela União Soviética, China, Estados Unidos e Egito.

Este período presenciou o inicio da revolução do transistor e o alastramento de receptores de radio capazes de sintonizar emissões em ondas curtas. Também foi o início do processo de descolonização e de emergência de novas nações, terminando diversos acordos antigos para re-transmissão de programas da BBC, mas sempre produzindo condições para novas oportunidades. O World Service se adequou as mudanças com novas iniciativas de programas, tais como a criação de serviços em Inglês próximo a hora cheia com grande ênfase em noticias, e com maior foco nas necessidades das pessoas nos países em desenvolvimento, particularmente África e Ásia. O governo proveu os meios para substituir transmissores antigos e construiu novas estações retransmissoras ao redor do mundo. Enquanto o período compreendido entre 1970 e 1980 se provou financeiramente instável, subseqüentemente diminuiu o capital de investimento e algum dinheiro adicional foi provido por aprimoramento das programações.

O final da Guerra Fria produziu uma série de tributos a BBC e outras emissoras internacionais por seu papel durante a guerra. Não apenas novos lideres - tais como Lech Walesa da Polônia e Vaclav Havel da Tchecoslováquia - expressaram agradecimentos, mas também, milhares de ouvintes ao longo do mundo.

O colapso da potência soviética também trouxe rearranjo das emissoras internacionais e aos governos que as financiam. Para o BBC World Service isto não foi tão fundamental quanto a outros. Pois este nunca foi visto como forma de propagando ou uma estação de persuasão e sempre direcionou seus programas a países amigos assim como a potenciais adversários. Seu objetivo primordial foi em prover informação acurada e embasada, refletindo diferentes pontos de vista, e permitir os ouvintes formarem suas próprias opiniões.

Receptores de OC: Sony ICF-2001





Sony ICF-2001

Este rádio é um verdadeiro clássico, pois se trata do primeiro rádio disponível no mercado a apresentar um microprocessador a permitir a sintonia digital de forma direta na teclado. Na realidade, este é o modelo que antecedeu o agora lendário Sony ICF-2010 (ou 2001D como é a denominação européia), inclusive suas dimensões, o material de acabamento utilizado é similar ao 2010. Este rádio era conhecido no Japão como "Voice of Japan" em alusão as transmissões internacionais em ondas curtas da Rádio NHK. Trata-se de um rádio robusto, com poucos recursos em comparação ao sucessor 2010, e não fez muito sucesso, pois foi fabricado durante 3 anos somente, porém, após 25 anos apresenta funcionamento pleno, com ótima qualidade de recepção, e bem prático para ouvir as emissoras prediletas. Enfim, uma peça para colecionador, que simboliza o inicio da fabricação de rádio portáteis digitais, fabricados no Japão, com alta tecnologia e qualidade. Este rádio em particular funciona até hoje, como rádio de mesa, e com o mesmo desempenho de quando saiu de fábrica.

by Sarmento

Ouvindo estações de sinais horários

Por: Wilson Rodrigues

Dentre as estações consideradas exóticas, as de sinais horários possivelmente são as mais ouvidas pelos dexistas. Aquela identificação característica de voz e código morse são inconfundíveis em meio aos ruídos característicos das bandas de radiodifusão.

Lamentavelmente, alguns governos questionam sua utilidade em meio a tantos recursos tecnológicos. Mas sabemos que ao sintonizarmos uma delas podemos aferir nossos relógios sem nenhuma margem de erro. Algumas décadas atras, os dexistas não sentiam tanto a falta destas estações aqui no Brasil, uma vez que a Rádio Relógio em 580 KHz na cidade do Rio de Janeiro informava minuto a minuto a hora certa e divulgava uma série de curiosidades.

Muitas pessoas ouviam o dia todo sua programação pois ela também operava em Ondas Tropicais. Hoje a Rádio Relógio se não me engano é de propriedade de um grupo religioso e sua programação perdeu toda a característica anterior e é até desconhecida da ampla maioria da população atual! Os amigos já devem ter notado que quando vamos aferir nossos relógio pelas emissoras em Ondas Medias e FM temos diferença de até 3 minutos de uma para a outra. Em FM ai então as diferenças são exageradas. Acho que tem muitos locutores em FM usando relógio Made in Paraguai, daqueles de 1,99!

Recentemente verificando uma listagem atual conseguida na Internet, comparei a mesma com uma da década de 70 e verifiquei que muitas desapareceram e outras surgiram.

Naquela época podia-se ouvir em 2500KHz a FFH desde Chevannes, na França. Na Inglaterra havia a emissão da MSF de Rugby, também em 2500KHz e nesta freqüência na Checoslováquia em Librice, a OMA. Havia uma estação também em 3170KHz em Podebrady.

A extinta RDA República Democrática da Alemanha, ou Alemanha comunista tinha uma emissão desde Nauen em 4525KHz com o prefixo DIZ.

A estação italiana IAM desde Roma que atualmente esta fora do ar em 5000KHz operava desde Torino com o prefixo IBF e confirmou muitos dexistas brasileiros.

Chequei durante alguns dias várias freqüências da lista retirada da Internet e pude constatar que muitas delas não conseguem chegar aqui em Minas Gerais ou apesar de constarem como ativas, podem estar fora do ar ou a propagação não estava boa nos horários que sintonizei as freqüências! Em 4996, 9996, e 14996 no minuto 09 e 39 de cada hora pude ouvir com bom sinal a RWM desde Moscou na Rússia. Ela inicia com uma serie de 3 V e 3 CQ de RWM mas não informa a hora nem em voz nem em código morse e se mantém na freqüência com um bip diferente da WWV.
Há uma freqüência da XBA de Tacubaya, no México, em 6976,7 mas os caminhoneiros ocuparam há muitos anos aquela freqüência e qualquer emissão é sobremodulada sem dó nem piedade!

Desde o México, também há a estação XDP em Chapultepec, no minuto 54. Já a EBC em Cadiz na Espanha emite em 4998 nos minutos 25 e 45 de 0955 até 1055 UTC.

Para aqueles que têm dificuldades com estas estações sugiro começar pelas tradicionais que chegam bem aqui no Brasil.
2500KHz BPM China, ULW 4 Uzbequistão, VNG Austrália, WWV e WWVH USA e Hawai.

3330KHz CHU Canada
3810KHz HD2IOA Equador
5000KHz BPM China, BSF Taiwan, LOL 1 Argentina, WWV e WWVH, YVTO Venezuela
7335KHz CHU Canada.
10000KHz BPM China, LOL Argentina, WWV e WWVH
14670KHz CHU Canada.
15000KHz BPM China, BSF Taiwan, RTA Rússia, WWV e WWVH
6000KHz VNG Austrália
20000KHz WWV e WWVH.

Na Internet há páginas atualizadas com as freqüências e horários destas emissoras. Quem sabe você poderá escutá-las e conseguir uma confirmação. Estas estações são boas confirmadoras de informes. Não sabemos até quando elas estarão no ar, e um QSL de qualquer uma delas é sem dúvida uma jóia rara

Não custa lembrar uma frase ouvida em um dos encontros do DXCB:
“ Todo dexista que se presa, afere seu relógio por uma Estação de Sinal Horário”

73’do amigo Wilson Rodrigues

Breve Histórico do DXCB


Prof. Robert Veltmeijer





O DXCP teve como inspirador o extinto DX Clube do Brasil, o qual conheci em 1977 ao entrar em contato com seu coordenador Luiz Roberto de Medina da cidade de Recife-PE. Através do antigo DXCB pude tomar contato com o dexismo sério e conhecer expoentes do dexismo brasileiro como: Robert Veltmeijer, Cláudio R.de Moraes, Sérgio D. Partamian, Antônio Ribeiro da Motta, Roberto Levinstein, Rogildo F.Aragão, Gilberto Santos, Emmanuel Tavares entre outros.

O DXCB antigo acabou abruptamente em 1978, seu coordenador desapareceu sem deixar notícias. Seu boletim Comunicação DX, foi também o inspirador dos primeiros boletins do DXCP. Antes de seu encerramento, o DXCB através de Robert Veltmeijer organizou o primeiro encontro de dexistas brasileiros na semana santa do ano de 1978 no Largo do Arouche em São Paulo.

Um pouco antes do encerramento do DXCB, apareceu no Rio Grande do Sul o DX Clube de Porto Alegre organizado por Alencar Aldo Fossa. Outro Clube que existia naquela época e que ainda existe, com outro nome e algumas interrupções, era o DX Clube do Pará, coordenado pelo Djaci Franklin de Belém-PA.

Ainda que tendo um boletim irregular, como também tinham os outros dois Clubes atados, era um boletim com muitos loggings e assuntos muito técnicos. Foi neste meio que me desenvolvi no dexismo e de onde, um pouco mais tarde, viriam a surgir as idéias para a criação do DX Clube Paulista.

No ano de 1980 não existia nenhuma organização dexista no Brasil, as informações eram conseguidas através do WRTH, programas DX das diversas emissoras internacionais, boletins de clubes estrangeiros. Talvez a única manifestação de ligação entre os dexistas brasileiros era feita por Robert Veltmeijer. Ele chegou a editar alguns números de uma circular dexista com loggings e notícias, foi acompanhado por um momento por Emmanuel Tavares Filho, dexista de destaque do Rio de Janeiro.

Robert também encontrava os amigos em sua residência, enviava suas informações por carta aos dexistas brasileiros, participou também da organização do Encontro de dexistas brasileiros e argentinos realizado em Foz do Iguaçu no ano de 1979. Robert sempre esteve em contato, sendo por si mesmo um elo entre os dexistas brasileiros.

Algo que nunca compreendi perfeitamente, foi o fato de que existindo tantos bons dexistas naquele final dos anos 70 e Inicio dos 80, nada foi organizado em termos associativos após o término ou paralisação das três maiores organizações Dexistas do Brasil até aquele momento, DXCB, DXCPOA, DXC do Pará, sobretudo o DXCB que reunia excelentes dexistas em grande quantidade.

Naquela época não conhecia qualquer outro dexista aqui em São Carlos, as coisas eram distantes naqueles tempos. Participei muito de programas de cartas das emissoras internacionais e de listas de correspondentes que estas emissoras mantinham. Eram muitos os contatos com pessoas de outras localidades através de correspondência, no entanto, poucos eram dexistas.

Em meados de 1981 estava eu certo dia no telhado de casa mexendo com antenas, quando minha mãe me chamou dizendo que havia um rapaz me procurando. Era o Márcio R. F. Bertoldi, muito jovem, tinha quinze anos, na época eu estava com vinte e um. O Márcio se apresentou como ouvinte de ondas curtas e dexista, disse que conseguira meu endereço através de uma lista da Rádio Nederland.

Logicamente nossa amizade foi formada rapidamente e muitas informações trocadas. Passei ao Márcio todo aquele breve histórico dos clubes DX no Brasil e comentávamos cada vez mais da necessidade urgente de uma nova organização dexista em nosso país, mas antes de tudo este clube teria que ser realmente ativo, ter um boletim regular que cumprisse um esquema de datas, promover uma participação maior de todos os seus membros e dedicado ao dexismo mais técnico. Fomos desenvolvendo esta idéia e resolvemos por criar este clube.

O DXCP surgiu em Outubro de 1981, a data oficial de sua fundação é 17de Outubro. Esta foi a data em que o primeiro Atividade DX foi realizado. Contava com um editorial de apresentação e objetivos, loggins, noticias, alguns artigos, e o convite para adesões com a promessa do segundo boletim para Dezembro de 1981. Este realmente saiu naquele mês e ainda não parou.

Quando o primeiro boletim Atividade DX foi editado, o DXCP não tinha qualquer divulgação anterior, sabíamos que as organizações que existiram anteriormente haviam sido muito irregulares, portanto começamos com cautela. Depois de pronto o primeiro Atividade DX, preparamos uma lista de encaminhamento.

Naquela época possuíamos muitos correspondentes, amigos feitos nos programas de cartas das diversas emissoras internacionais. Me lembro de selecionarmos alguns que possuíam um maior interesse para o dxismo e enviamos a estes, bem como a algumas emissoras internacionais. O resultado foi animador pois muitos nos responderam, nos parabenizando pela criação do DX CLUBE PAULISTA, além de se colocarem à nossa disposição para uma maior colaboração. Destaco neste primeiríssimo momento as participações do, colegas Ricardo André Becker e Carlos Roberto Godinho que nos ajudaram bastante, sendo eles, os dois primeiros colaboradores do DXCP fora de São Carlos. Deixamos para um pouco depois o convite de adesão aos dexistas brasileiros mais experientes, algo que viria ser muitíssimo importante e consolidado no DXCP.

O nome DX Clube Paulista foi um derivado daquele momento. Tivemos o DX Clube do Brasil, um nome importante. Com o seu fechamento, outros clubes da época possuíam nomes regionais, este também foi o nosso caso, (e nisto havia sim um sentimento regional em um primeiro momento, mas como mostra a primeira lista de membros, desde o início o DXCP contou com pessoas de todo o Brasil).

Logo no inicio de 1982 escrevemos a muitos dos ex-membros do antigo DXCB. Dexistas como Antônio Ribeiro da Motta, Sérgio D. Partamian, Rogildo F. Aragão, Emannuel Taváres, Gilberto Santos, Cláudio Rotolo de Moraes, Robert Veltmeijer se juntaram a nós. Dexistas na acepção da palavra, contribuíram em muito para a consolidação do DXCP.

Apesar da falta de equipamentos mais sofisticados no dexismo brasileiro daquela época, o nível de escutas era muito alto, este pessoal ao lado de tantos outros que se juntaram a nós atingiram perfeitamente os objetivos propostos pelo DXCP.

Antônio Ribeiro da Motta, além das muitas formas de colaborar com o Atividade DX, é considerado por nós como sendo o terceiro fundador do clube. Seu trabalho de divulgação do novo clube foi incansável. O "Moita", (como ele era chamado), tinha acesso a diversos clubes importantes do exterior, ao WRTH, diversas emissoras internacionais e com vários importantes dexistas brasileiros. Foi ele quem colocou o nome do DX Clube Paulista no WRTH na época chamado de “A Bíblia dos dexistas".

Hoje talvez este ato pareça corriqueiro, mas tinha um certo grau de dificuldade naqueles tempos. Isto nos abriu muitos contatos com dexistas, clubes estrangeiros e o nome do DX Clube Paulista se difundiu mundo afora (literalmente). Antônio Ribeiro da Motta foi editor até 1989 encerrando sua participação na coluna Matutando, embrião da atual coluna Rádio Contato. Ele também foi um grande incentivador dos encontros dexistas, teve participação fundamental nos dois maiores encontros da década de oitenta e que ainda figuram entre os maiores realizados até hoje, o encontro de 1987 em São José dos Campos, onde organizou praticamente sozinho em nome do DX Clube Paulista e do Globo DX, encontro este com a participação aproximada de 40 pessoas, inclusive com uma "estrela" das ondas curtas na época, a jornalista e locutora Maria Costa Pinto do Serviço Brasileiro da BBC de Londres.

Em 1988 foi realizado o primeiro ENBRADEX, Encontro Brasileiro de dexistas, realizado em Aparecida - SP. Este encontro contou com o grande incentivo de Robert Veltmeijer que tinha grande interesse na união entre o DXCP e o Globo DX. Vale lembrar que estes encontros aconteceram em uma época em que os serviços internacionais em português ainda tinham muito interesse pelo Brasil.

Entrevistas eram gravadas ao vivo e transmitidas alguns dias depois como a BBC, ou então por telefone e levadas ao ar no mesmo dia como fazia a VOA através do jornalista e locutor Ricardo André. Este foi um dos grandes incentivadores do Dexismo no rádio internacional, conduziu o programa Onda Curta na Rádio RSA da África do Sul e na VOA dos Estados Unidos, deu um apoio muito grande aos clubes dexistas brasileiros.

O DXCP colaborava freqüentemente com o Ricardo André, sendo que quando de sua passagem pela Rádio RSA, chegamos a produzir programas gravados em fita cassete levados ao ar no Onda Curta pela emissora sul-africana. Outros programas dexistas nos quais tivemos freqüentes participações foram: Radio Enlace (R. Nederland), O Mundo das Comunicações (R. Nederland), Editor DX (Rádio Suécia), os programas DX das Rádio Áustria, Exterior de Espanha, BBC de Londres, etc.

Voltando aos encontros realizados pelo DXCP e o Globo DX, estes foram três, o primeiro realizado em 1985 na casa de Robert Veltmeijer em São Paulo. Tivemos por três anos um bom relacionamento e uma co-participação em eventos e interesses. No entanto, após o encontro de Aparecida, as diferenças entre os dois clubes acabaram sobrepondo-se aos esforços em conjunto. Alguns entreveros pessoais entre, membros dos dois clubes acabaram causando rompimento entre as duas associações.
Reuinão do clube

Foto histórica de reunião do Clube

Até emissoras internacionais como a BBC se aproveitaram desta situação. O programa Freqüência DX do serviço brasileiro tentou alimentar uma polêmica no ar. Eu mesmo escrevi à BBC pedindo para que este fato não fosse tema de intrigas. Pedi também para não levarem este assunto adiante.

O Globo DX continuou com o ENBRADEX por mais alguns anos, o DXCP retomou aos seus encontros informais.

Por seis anos o boletim Atividade DX foi bimestral. Existem algumas justificativas para que isto assim fosse. Não existiam tantas facilidades para se obter informações, equipe editorial muito pequena e custos incertos. Passamos por momentos difíceis pois convivemos com inflação muito alta por muitos anos.

Era uma dificuldade estipular um valor de assinatura. Me lembro que começamos com anuidade e a medida que a inflação foi subindo nos anos 60, passamos à semestralidade, trimestralidade, até bimestralidade existiu. Apesar da inflação continuar, (era um inibidor), em Janeiro de 1987 quando o boletim passou a ser mensal, o DXCP tinha crescido bastante, o próprio dexismo se desenvolvera mais no Brasil e precisávamos ter um boletim mensal. Esforços foram feitos, mais colaboradores presentes e as coisas se ajeitaram nesta nova situação.

Algo que ainda restou dos tempos do boletim bimestral foi a equipe editorial pequena. Diferentemente dos dias de hoje, tínhamos um olhar mais centralizado, mas também a disponibilidade de pessoal era menor. Algo que foge da lógica era o fato de eu e o Márcio termos como meta que o boletim Atividade DX "saísse de qualquer jeito", ou seja, mesmo sem dinheiro ou sem editores o boletim tinha que ser editado. Era algo inconsciente, não tínhamos a intenção de acabar com o clube.

O primeiro logotipo do DX Clube Paulista foi criado por uma pessoa sem nenhum vínculo com o Dexismo, um amigo de São Carlos chamado Orlando Paulo. Mas o desenho que realmente pegou foi criado por Rogildo Fontenelle Aragão em 1984. Rogildo teve uma participação inconstante na primeira fase de nosso clube. Morando por um longo tempo na Bolívia, nem sempre pôde manter o contato, mas ainda assim foi um grande colaborador de nosso boletim. Rogildo editava também o informativo BOLPEBRA DX, um informativo sobre emissoras da Bolívia, Peru e Brasil. Com seu retorno em 1989 ao Brasil, Rogildo foi de grande importância na nova fase que se iniciou em São Bernardo do Campo.

Outro grande incentivador do DXCP foi Sérgio D. Partamian. Ele sempre teve um caráter ponderado, participando muito como um conselheiro, além de excelente dexista e editor por muito tempo da coluna Onda Média. Sérgio sempre esteve presente aos Encontros, reuniões preparatórias ou informais. É um dos principais nomes do DXCP em todos estes anos. Grandes colaboradores de escutas e informações, recordistas certamente de participações nos boletins, foram Cláudio Rotolo de Moraes e Gilberto Santos.

Grandes escutas estes dois nos informavam. Cláudio está conosco ainda hoje e continua colaborando. De maneira super informal, Cláudio sempre nos brindou com escutas muito interessantes, inclusive suas fantásticas escutas de FM, algumas a 5000 km de distância. Gilberto faleceu em 1993. Foi ele um colaborador constante. Além das escutas, traduzia artigos e participou de muitos encontros.

Outros colaboradores e editores de nosso boletim nos primeiros cinco anos foram Jonas Abbud, de Jundiaí-SP e o Raimundo L Bezerra, com rápida passagem e, também, René Gustavo Passold, até hoje junto conosco e que desde 1983 vem colaborando com nossos boletins, encontros e, atualmente, vem sendo muito útil aos dexistas brasileiros por desenvolver a antena RGP3 para onda médias, entre outros projetos. Também um grande colaborador de hoje, que esteve com o DXCP na década de 80, é o amigo Célio Romais, de Porto Alegre-RS.

A segunda metade do DXCP, em São Carlos, nos brindou com uma segunda geração de excelentes dexistas e ótimos colaboradores. Valter Aguiar apareceu em 1985. Além de sua vocação narrativa, editou uma das melhores fases do Panorama DX em nosso boletim. Valter também fazia a Retrospectiva Anual DX, além de participar ativamente dos encontros realizados. Em 1986 apareceu Felipe C. Flosi do Rio de Janeiro.

Ele sempre tinha escutas interessantes, além de colaborar com muito material didático, tradução de textos, comentários técnicos, etc. Carlos Felipe teve um contato muito estreito conosco; inclusive tendo vindo a São Carlos, algo raro. Além dele, apenas o Motta e o Raimundo Bezerra tinham estado em São Carlos naqueles anos.

No final da década de 80 duas figuras muito importantes estavam conosco, o futuro do DXCP estava garantido. Marcelo Toniolo dos Anjos e Carlos Felipe da Silva, os dois dexistas que alguns anos depois iriam assumir o DXCP lançando-o em um novo e glorioso período.

O Marcelo já havia sido membro do clube logo em seu inicio estando entre os vinte primeiros sócios do DXCP, mas se afastando pouco tempo depois. Marcelo foi a pessoa que iniciou um grande trabalho em prol do Dexismo utilitário, lançou também o Manual do Dxismo Utilitário.

Carlos Felipe, ainda bastante jovem, assumiu a coluna QSL logo após o Rudolf deixá-la. Carlos também escrevia artigos e era um colaborador constante. Seu espírito empreendedor já se fazia sentir. O futuro vocês já conhecem. Apesar de todos estes esforços, um certo cansaço se abatia aqui por São Carlos.

O início dos anos noventa foram os piores da primeira fase do DXCP, o nível do boletim caiu muito, tanto em conteúdo quanto em sua parte gráfica, por culpa exclusiva nossa de São Carlos. O número de sócios estagnou, nenhuma atividade além da rotineira. Parece que o fim estava próximo. Ainda que nem sempre de forma constante, o Márcio e eu estivemos a frente do DX Clube Paulista durante 12 anos. Nem sempre constante, pois houve momentos em que um ou outro esteve praticamente sozinho na condução do clube.

Fomos editores de praticamente todas as colunas. Os boletins eram feitos 'manualmente', ou seja, loggings por exemplo, colocados em ordem, um a um, com um monte de papel a volta, só para dizer uma das dificuldades.

Para se conseguir notícias na falta de colaborações, muitas vezes tinha-se que ouvir o próprio rádio. Toda a comunicação era feita por carta, longos períodos na expectativa de respostas e na espera de material. Tudo isso era muito cansativo passados tantos anos. Foi quando em meados de 1992, Carlos Felipe começou os planos para coordenar o futuro do DXCB. A partir de janeiro de 1993 o Atividade DX passou a ser editado em São Bernardo do Campo.

* texto adaptado da mensagem dos 17 anos do DXCB