terça-feira, 2 de março de 2010

A Segunda Guerra Mundial : O governo dos Estados Unidos entra na Rádio Difusão Internacional


Propaganda da Voz da América em Alemão


Alguns pesquisadores declaram que muito da atual rádio difusão internacional deriva do que se formou durante a Segunda Guerra.

Preocupado com o sucesso da propaganda Alemã, o governo dos EUA sob a administração de Roosevelt começou a olhar a rádio difusão internacional em 1940. Quando os japoneses bombardearam Pearl Harbor em 7 de dezembro de 1941, os EUA entraram na Segunda Guerra claramente marcando o deslocamento do uso comercial do meio de comunicação da rádio, até então apenas como forma de fazer dinheiro, para a decisão do Departamento de Estado de iniciar fortemente transmissões de voz internacionais através das ondas de rádio.

Mesmo tendo sido atrasado por diversas razões políticas e forte oposição da industria do rádio comercial e do público em geral, os EUA foram a última potência mundial a participar na rádio difusão internacional. Em 1942, o Escritório da Informação de Guerra foi estabelecido e responsabilizado por diversas atribuições na montagem da divisão de rádio difusão.

Segundo historiadores americanos, ao contrário da técnica de propaganda Alemãs de falsidade e terror, as emissões internacionais foram fundadas em informações confiáveis e sobre um "plano moral mais elevado que a guerra psicológica no rádio que estava em curso na Europa". A política foi estabelecida desde as primeiras palavras irradiadas inicialmente : Este é uma voz falando para você desde a América e nós iremos falar para você sobre a América e a guerra e as noticias podem ser boas ou ruins e nós iremos contar a você a verdade". (VOA - Voice of America - Information Book).

Enquanto em teoria esta nova política de "verdade somente" era novidade até então, na realidade era difícil aderir a isto durante os ataques iniciais da guerra; entretanto as emissões dos EUA ganharam credibilidade quando a "Voz da América" - o nome oficial da emissora que foi desenvolvido a partir da abertura das transmissões - começou a reportar as vitórias dos aliados.

Durante o curso da guerra, a VOA teve que se adaptar aos desafios psicológicos apresentados pela emissões dos inimigos. Em particular, as emissões japonesas especificamente dirigidas aos soldados americanos através das transmissões de "conflito no rádio, atuando primariamente para dividir a América de seus aliados na Ásia e Pacífico, para estimular o desgaste quanto a guerra, a nostalgia, e uma visão pessimista da guerra".

Os japoneses inteligentemente transmitiram "alta qualidade, entretenimento gravado por bandas americanas famosas, introduziram vozes femininas carregadas de sensualismo" como seu objetivo primário de de fazer como que o soldado americano mediano "se sentisse cansado da guerra e da matança". Como resultado, "milhares de combatentes se apaixonaram por uma voz (uma inclusive popularmente identificada como Rosa de Tókio) da qual criaram em suas mentes - uma imagem de suas amadas. O seguinte extrato é de uma destas transmissões : Como você gostaria de ira a drogaria da esquina esta noite, e comprar um sorvete de soda? Eu tenho curiosidade em saber com quem suas esposas e namoradas estão saindo esta noite. Talvez com um trabalhador da industria de guerra fazendo muito dinheiro enquanto você está aí fora lutando e sabendo que não terá sucesso".

Como resposta, o Escritório de Informação de Guerra americano "solicitou auxílio aos relações públicas da indústria e Hollywood", alistando celebridades e iniciou a transmitir entretenimento de primeira linha para as Ilhas do Pacífico assim como para outros teatros de guerra no Oriente Médio e Europa.

Durante a guerra, a VOA cresceu exponencialmente, empregando mais de 3000 pessoas e transmitindo mais de 165 horas por dia em mais de 40 idiomas - "sem dúvida alguma, a rádio difusão internacional se estabeleceu como u braço das operações de guerra americanas". A chegada da VOA marcou o inicio da era na qual o governo dos EUA iria empregar a rádio difusão internacional de forma continua, até os presentes dias.

O Serviço Mundial da BBC de Londres

O BBC World Service foi fundado em 1932 como o Serviço do Império por uma iniciativa de John Reith, o primeiro diretor geral da BBC. No principio era emitido em ondas curtas a partir de Daventry localizado nas Midlands, e apenas em inglês. A aproximação da Segunda Guerra em 1939 trouxe muitas mudanças. Para contrabalancear a propaganda levada ao ar através do rádio pela Alemanha e Itália, o governo britânico solicitou a BBC a oferta de serviços em árabe e espanhol, e concordou em pagar os custos adicionais requeridos.

Desde o inicio, a aproximação às noticias nos serviços além mar eram para anunciar os fatos, mesmo que a primeira vista se parecessem prejudiciais aos interesses britânicos ou não palatáveis as nações recipientes. Conforme a rádio difusão em idiomas estrangeiros foi crescendo (Frances, alemão e italiano se iniciaram em setembro de 1938; outros idiomas seguiram em breve), esta política foi central em estabelecer a reputação da BBC de ter a maior credibilidade como emissora internacional. Transmissões em vernacular a outras partes do mundo foram adicionadas, e próximo ao fim da guerra a BBC era de longe a maior das emissoras de rádio difusão do mundo. O governo então reviu o futuro papel e propósito do World Service (ou o BBC External Service como era então chamado) e dentro de um papel político em 1946 o governo concluiu que "dentro do interesse nacional e de forma a manter a influencia britânica e prestigio ao seu redor, é essencial que o serviço continue".


Cartão QSL emitido pelo escritório da BBC de Nova Deli em 1965 (Fonte: Balasubramaniyam, Chennai) Clique para ampliar.

Entretanto, este apoio não foi lastreado com fundos suficientes, resultando em cortes orçamentários extensivos nos fins de 1940 e em 1950. Mesmo existindo acréscimo em emissões para a União Soviética e o Leste Europeu durante a Guerra Fria, as reduções à sua volta significaram que pelos idos de 1960 a BBC havia perdido a sua posição de maior emissora de rádio difusão internacional, sobreposta assim pela União Soviética, China, Estados Unidos e Egito.

Este período presenciou o inicio da revolução do transistor e o alastramento de receptores de radio capazes de sintonizar emissões em ondas curtas. Também foi o início do processo de descolonização e de emergência de novas nações, terminando diversos acordos antigos para re-transmissão de programas da BBC, mas sempre produzindo condições para novas oportunidades. O World Service se adequou as mudanças com novas iniciativas de programas, tais como a criação de serviços em Inglês próximo a hora cheia com grande ênfase em noticias, e com maior foco nas necessidades das pessoas nos países em desenvolvimento, particularmente África e Ásia. O governo proveu os meios para substituir transmissores antigos e construiu novas estações retransmissoras ao redor do mundo. Enquanto o período compreendido entre 1970 e 1980 se provou financeiramente instável, subseqüentemente diminuiu o capital de investimento e algum dinheiro adicional foi provido por aprimoramento das programações.

O final da Guerra Fria produziu uma série de tributos a BBC e outras emissoras internacionais por seu papel durante a guerra. Não apenas novos lideres - tais como Lech Walesa da Polônia e Vaclav Havel da Tchecoslováquia - expressaram agradecimentos, mas também, milhares de ouvintes ao longo do mundo.

O colapso da potência soviética também trouxe rearranjo das emissoras internacionais e aos governos que as financiam. Para o BBC World Service isto não foi tão fundamental quanto a outros. Pois este nunca foi visto como forma de propagando ou uma estação de persuasão e sempre direcionou seus programas a países amigos assim como a potenciais adversários. Seu objetivo primordial foi em prover informação acurada e embasada, refletindo diferentes pontos de vista, e permitir os ouvintes formarem suas próprias opiniões.

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